O cenário do petróleo a 100 dólares o barril
era considerado inevitável não muito tempo atrás, uma vez que estrategistas de
Wall Street previam um novo superciclo das commodities. E a previsão ainda está
de pé, mesmo com o avanço da variante Ômicron e o aumento dos casos de Covid.
O Goldman Sachs disse que, com a demanda
recorde, é possível que o petróleo seja cotado a 100 dólares em 2023. O banco
de investimento acredita que os temores em relação à Ômicron são exagerados,
pois governos devem combater a nova variante com mais testes do que com
lockdowns.
Previsões para o petróleo do tipo Brent
cotado em dólares em 2023, com base nas estimativas de inflação e no efeito
sobre o dólar, já apontavam o barril perto desse nível. Em outubro, faltavam
apenas 7,04 dólares para a cotação atingir 100 dólares no contrato futuro com
entrega em 2023 (o contrato futuro padrão do tipo Brent encerrou a sexta-feira,
dia 17, negociado a 72,99 dólares. No começo deste ano, estava na casa de 51
dólares).
O mercado viu esse movimento há apenas alguns
anos. Em 2011, o Brent subiu para 126 dólares o barril e ficou acima de 100
dólares nos três anos seguintes, enquanto a Primavera Árabe se espalhava pelo
norte da África e impactava países produtores de petróleo como a Líbia, membro
da Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo mais nações como a
Rússia).
A demanda se desacelerou em 2014 com o
desaquecimento da economia da China e com o boom do gás de xisto (shale gas)
nos Estados Unidos, que aumentou a oferta em ritmo muito rápido. O resultado
foi uma queda de mais de 70% no preço do petróleo que durou até 2016, quando o
mercado encontrou um novo equilíbrio. Dois anos de crescimento global se
seguiram, até o início da guerra comercial entre Estados Unidos e China em
meados de 2018.
Esse cenário é semelhante ao atual. A
economia global se recupera das restrições para combater a pandemia de Covid no
ano passado. O petróleo a 100 dólares era visto como inevitável devido à
hesitação da Opep+ em colocar mais barris no mercado e produtores americanos
mais responsáveis no lado fiscal, com menos perfurações e empréstimos.
No longo prazo, há demanda no horizonte, uma
vez que até mesmo companhias aéreas em dificuldades preveem que as viagens
retornarão aos níveis pré-pandemia (de 2019) em 2023. A venda coordenada global
das reservas seria útil para reduzir os preços na bomba para consumidores
americanos, mas é considerada uma solução de curto prazo.
O aumento dos preços do petróleo devido à
demanda reprimida tem sido um dos principais impulsionadores da inflação. Mas
também funciona de outra forma. A inflação tem efeito sobre o valor do dólar, a
moeda na qual os contratos de petróleo são cotados. Com a valorização do dólar,
influenciada pelo aumento dos rendimentos dos títulos e a expectativa de três
aumentos dos juros nos EUA em 2022, o petróleo a 100 dólares pode vir mais
rápido do que o esperado.
Por: DM/ Redação